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sexta-feira, 13 de abril de 2012

SELETA DE TRECHOS - BOLERO DE RAVEL (4)



"Não chove e não venta como se o tempo estivesse parado, esperando suspenso nos telhados. Muitas vezes já me enganaram dias que nascem anets de avisar. Minhas pernas tremem, elas não param de tremer. Tenho de sentar para enfiar esta calça..." 

quarta-feira, 11 de abril de 2012

MINI-CONTOS (3)

   Um leito macio
                                                          Arnaldo ofegava ao depositar as compras da padaria na calçada. Já sinto o peso do corpo, ele pensou enquanto batia as mãos nos bolsos da calça e do paletó para descobrir o molho de chaves.

Depois de abrir a pesada porta de ferro com vidros em caixilhos, juntou da calçada as compras e olhou os trinta e dois degraus de escada até o primeiro andar. Teria outro tanto até chegar a seu apartamento.

Subia contando os degraus e de vez em quando se atrapalhava na contagem por causa da respiração. O suor empastara o cabelo, inundava os olhos - visão precária. Tentou por algum tempo atingir cada degrau primeiro com a perna direita. Mas cansou. A esquerda era mais fraca, mas teve de sacrificá-la. Parou. Ficou com medo de que as compras caíssem na escada: não as sentia mais nas mãos.
    Esboçou um pedido de ajuda. O pedido não se completou.
    Um bando de aves passou levando-o para as nuvens, onde o depositaram num leito macio.