quarta-feira, 11 de abril de 2012

MINI-CONTOS (3)

   Um leito macio
                                                          Arnaldo ofegava ao depositar as compras da padaria na calçada. Já sinto o peso do corpo, ele pensou enquanto batia as mãos nos bolsos da calça e do paletó para descobrir o molho de chaves.

Depois de abrir a pesada porta de ferro com vidros em caixilhos, juntou da calçada as compras e olhou os trinta e dois degraus de escada até o primeiro andar. Teria outro tanto até chegar a seu apartamento.

Subia contando os degraus e de vez em quando se atrapalhava na contagem por causa da respiração. O suor empastara o cabelo, inundava os olhos - visão precária. Tentou por algum tempo atingir cada degrau primeiro com a perna direita. Mas cansou. A esquerda era mais fraca, mas teve de sacrificá-la. Parou. Ficou com medo de que as compras caíssem na escada: não as sentia mais nas mãos.
    Esboçou um pedido de ajuda. O pedido não se completou.
    Um bando de aves passou levando-o para as nuvens, onde o depositaram num leito macio.
                                                  

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