NÃO CONTAR COM QUALQUER AUXÍLIO HUMANO
Pág. 21 - "Em duas ocasiões análogas fiz minhas descobertas nos sótãos. Na primeira - tinham começado a escassear as provisões na despensa - procurava alimentos e descobri a usina."
(...)
Pág. 22 - "Com o ferro que servia de tranca a uma porta, e uma crescente languidez, abri um buraco: logo se viu a claridade do céu. Trabalhei muito e, nessa mesma tarde, consegui entrar."
"Entendo muito pouco de motores, mas não demorei a pô-los em funcionamento. Quando a água das chuvas acaba, faço trabalhar a bomba"
(...)
Pág. 23 - "Estava doente. Esperava que, em alguma parte do museu, houvesse um armário com remédios; em cima, não encontrei nada; desci aos porões e... nessa noite, ignorei a doença, esqueci os horrores por que passava, me convencendo de que só apareciam nos sonhos."
Pág. 24 - "(...) Avancei um pouco mais: cessaram os ruídos, como num ambiente de neve, como nas frias alturas da Venezuela."
"(...) Passei horas entre os cortinados, angustiado pelo esconderijo que tinha escolhido (podiam me ver de fora; se quisesse fugir de alguém que estivesse no aposento, teria de abrir a janela)."
"Pela madrugada, desci novamente ao porão. Rodearam-me os mesmos passos, próximos e afastados. Mas, dessa vez, compreendi-os. Perturbado, continuei a percorrer o segundo porão, intermitentemente escoltado pelo bando solícito dos ecos, multiplicadamente só. (...) Quais terão sido as pessoas que, em 1924, aproximadamente, construíram este edifício? Por que o terão abandonado? Que bombardeios temiam? (...) Onde não há ecos, o silêncio é tão horrível como esse peso que, nos sonhos, não nos deixa fugir."
Pág. 25 - "O leitor atento poderá tirar, deste meu relatório, um catálogo de objetos, de situações, de fatos mais ou menos assombrosos; o último é a aparição dos atuais habitantes da colina."
"Nas rochas, todas as tardes, uma mulher contempla o pôr do sol. Tem um lenço colorido amarrado na cabeça; as mãos juntas, sobre um joelho:..."
"(...) ... o que hoje escrevo será uma precaução. Estas linhas permanecerão invariáveis, apesar da pouca firmeza das minhas convicções. Tenho de me cingir ao que agora sei: convém à minha segurança renunciar, interminavelmente, a qualquer auxílio de um semelhante."
Os mistérios que envolvem a cena (personagem e leitor não entendem muito bem o que se passa) eis um dos ingredientes do fantástico.
Note-se também o recurso à metalinguagem (O leitor atento...), com o qual o narrador demonstra sua consciência da narrativa.
Pág. 21 - "Em duas ocasiões análogas fiz minhas descobertas nos sótãos. Na primeira - tinham começado a escassear as provisões na despensa - procurava alimentos e descobri a usina."
(...)
Pág. 22 - "Com o ferro que servia de tranca a uma porta, e uma crescente languidez, abri um buraco: logo se viu a claridade do céu. Trabalhei muito e, nessa mesma tarde, consegui entrar."
"Entendo muito pouco de motores, mas não demorei a pô-los em funcionamento. Quando a água das chuvas acaba, faço trabalhar a bomba"
(...)
Pág. 23 - "Estava doente. Esperava que, em alguma parte do museu, houvesse um armário com remédios; em cima, não encontrei nada; desci aos porões e... nessa noite, ignorei a doença, esqueci os horrores por que passava, me convencendo de que só apareciam nos sonhos."
Pág. 24 - "(...) Avancei um pouco mais: cessaram os ruídos, como num ambiente de neve, como nas frias alturas da Venezuela."
"(...) Passei horas entre os cortinados, angustiado pelo esconderijo que tinha escolhido (podiam me ver de fora; se quisesse fugir de alguém que estivesse no aposento, teria de abrir a janela)."
"Pela madrugada, desci novamente ao porão. Rodearam-me os mesmos passos, próximos e afastados. Mas, dessa vez, compreendi-os. Perturbado, continuei a percorrer o segundo porão, intermitentemente escoltado pelo bando solícito dos ecos, multiplicadamente só. (...) Quais terão sido as pessoas que, em 1924, aproximadamente, construíram este edifício? Por que o terão abandonado? Que bombardeios temiam? (...) Onde não há ecos, o silêncio é tão horrível como esse peso que, nos sonhos, não nos deixa fugir."
Pág. 25 - "O leitor atento poderá tirar, deste meu relatório, um catálogo de objetos, de situações, de fatos mais ou menos assombrosos; o último é a aparição dos atuais habitantes da colina."
"Nas rochas, todas as tardes, uma mulher contempla o pôr do sol. Tem um lenço colorido amarrado na cabeça; as mãos juntas, sobre um joelho:..."
"(...) ... o que hoje escrevo será uma precaução. Estas linhas permanecerão invariáveis, apesar da pouca firmeza das minhas convicções. Tenho de me cingir ao que agora sei: convém à minha segurança renunciar, interminavelmente, a qualquer auxílio de um semelhante."
Os mistérios que envolvem a cena (personagem e leitor não entendem muito bem o que se passa) eis um dos ingredientes do fantástico.
Note-se também o recurso à metalinguagem (O leitor atento...), com o qual o narrador demonstra sua consciência da narrativa.
E me parece que é esta incerteza que nos prende ao texto.
ResponderExcluir