Mário de Andrade, um dos mentores da Semana de Arte Moderna, de 1922, classificou sua obra Macunaíma de rapsódia, e com razão, pois a narrativa de Macunaíma é montada com lendas indígenas, com situações independentes, mas dentro de certa linha progressiva que vai do nascimento de Macunaíma, sua personagem principal, até sua morte.
Nesta verdadeira "colcha de retalhos", como são as rapsódias, o autor busca uma síntese do brasileiro, seus vícios e virtudes, mas sempre de uma forma divertida, com muito humor, com falares das principais regiões do Brasil, e sem qualquer julgamento moral.
Contrariamente ao modo romântico, que tentou colocar óculos europeus no índio (o Peri de Alencar chega a ser batizado católico), o modo de Mário de Andrade de ver o índio é com o autor de origem afro-europeia transformado em narrador com os óculos do
índio. Daí a ruptura total com qualquer pensamento cartesiano, e a adoção do pensamento mágico indígena em que tempo e espaço dispensam qualquer relação. Tudo pode ser transformado em tudo.
Outro aspecto que se deve destacar é o do estilo. O narrador usa um estilo de crônica, na maior parte da obra, um estilo épico, em algumas passagens, e um estílo gradíloquo/afetado na Carta às Icamiabas.
Enfim, iniciemos a leitura, e assim começa Macunaíma:
Pág. 9 - "No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma.
Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou mais de seis anos não falando. Si o incitavam a falar exclamava:
- Ai! que preguiça!...
e não dizia mais nada. Ficava no canto da maloca, trepado no jirau de paxiúba, espiando o trabalho dos outros e princip0almente os dois manos que tinha, Maanape já velhinho e Jiguê na força de homem. O divertimento dele era decepar cabaça de saúva."
O índio (no fundo do mato-virgem) e o negro (preto retinto) já estão apresentados. O europeu virá mais tarde, na viagem em que os três empreendem para São Paulo.
Nesta verdadeira "colcha de retalhos", como são as rapsódias, o autor busca uma síntese do brasileiro, seus vícios e virtudes, mas sempre de uma forma divertida, com muito humor, com falares das principais regiões do Brasil, e sem qualquer julgamento moral.
Contrariamente ao modo romântico, que tentou colocar óculos europeus no índio (o Peri de Alencar chega a ser batizado católico), o modo de Mário de Andrade de ver o índio é com o autor de origem afro-europeia transformado em narrador com os óculos do
índio. Daí a ruptura total com qualquer pensamento cartesiano, e a adoção do pensamento mágico indígena em que tempo e espaço dispensam qualquer relação. Tudo pode ser transformado em tudo.
Outro aspecto que se deve destacar é o do estilo. O narrador usa um estilo de crônica, na maior parte da obra, um estilo épico, em algumas passagens, e um estílo gradíloquo/afetado na Carta às Icamiabas.
Enfim, iniciemos a leitura, e assim começa Macunaíma:
Pág. 9 - "No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma.
Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou mais de seis anos não falando. Si o incitavam a falar exclamava:
- Ai! que preguiça!...
e não dizia mais nada. Ficava no canto da maloca, trepado no jirau de paxiúba, espiando o trabalho dos outros e princip0almente os dois manos que tinha, Maanape já velhinho e Jiguê na força de homem. O divertimento dele era decepar cabaça de saúva."
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