quinta-feira, 11 de abril de 2013

TEXTOS DE AMIGOS

O poema abaixo está na página 85 do livro Exercício do olhar, Tanussi Cardoso.

Urbe
         para Luiz Horácio Rodrigues

uma louca corre pela rua
e ninguém ouve aquele corpo nu

ninguém sabe o que mostra o olho

faiscando insuspeitada luz

pés atravessam viadutos e dormem
em esquinas, subterrâneos, vãos

como um grito de Munch
pontes solitárias na cidade abandonada


a cidade não vê, não para
não há tempo para chorarmos nossos mortos

uma dor viva sangra entre dentes e gargantas
vômito que se limpa com a lama dos sapos

tambores ecoam nos verdes montanhosos dos sonhos
corações secos nos desvios

alguém jogado do último andar suja o parapeito
a orquestra noturna dos cachorros

o horror poluído dos rios corta vielas
tudo dói na cidade que nos sustenta e vela

quem, o culpado pelo inverno dos homens?

agônica, uma flor colore um sol desesperado

3 comentários:

  1. Meu caro Menalton, muito agradecido pela postagem do poema. Quanto mais, me vendo junto de tanta gente boa!Obrigado, amigo. E já sou mais um seguidor fiel. Abraços meus

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  2. O poema Urbe - de Tanussi Cardoso - é como uma ferida exposta. A voz do poeta ecoa como tambores, em nossa alma.


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  3. A poesia do Tanussi encontrou consonância nas cordas com que me expresso.

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