quarta-feira, 8 de abril de 2015

CANTIGAS DE AMIGOS


O poema abaixo é assinado por

Antonio e Ilse (Antonio Calloni)

A mulher dos trilhos

Tu não és meu amor
porque vens falar comigo
com voz desonesta de homem
de fácil repertório
 Tu não és meu amor
 porque tens o medo
 masculino da noite
 e queres me salvar

 Tu não és meu amor
 porque como homem
 não compreendes
 meu sorriso subterrâneo
  
 Tu não és meu amor
 porque terias pavor
 do monstro de ferro
 a passar sobre ti no meio da noite
 Eu durmo e o trem passa sobre mim
 porque o espaço é suficiente
 e minha noite é feita
de feitiços

Se acreditares em mim
posso te amar
se me amares
posso delicadamente te matar
se morrermos
podemos viver
amor meu
talvez em casa grande ou pequena
em paragens verdes ou de cores outras
mas é necessária a primeira coragem
e o risco é tão simples...
basta deitar
basta um pouco de repouso
para seres meu amor
se fosses um pouco mulher...
não rias!
só um pouco...
sem perder músculos e pêlos
sem perder teu rijo fascínio
sem perder só ganhar
sem ganhar só perder
vem amor meu
e me cobre viril
feito reprodutor de raça
para depois descansar tua
natureza tão igual à de um touro
ou de uma menina ainda não
desenhada
vem amor meu
e dorme comigo
feito irmão
como um santo
para podermos sonhar
profundamente e deixar que
o trem passe feroz sobre nós
enquanto dormimos abraçados
feito dois anjos
para depois do trem
acordarmos como faunos
como felinos
como homem e mulher
       vem amor meu
               o risco é o repouso
                             e se quiseres
                 eu posso te amar...


Antonio e Ilse (Antonio Calloni)

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