
O poema que segue é da poeta Lila Ripoll,
que em minha juventude aprendi a admirar e com quem muitas vezes cruzei nas ruas de Porto Alegre.
Os adolescentes como eu apontavam para aquela mulher baixinha e diziam: - Ali vai um monumento vivo.
E estávamos certos.
GRITO
Não. Não irei sem grito.
Minha voz nesse dia subirá.
E eu me erguerei também.
Solitária.
Definida.
As portas adormecidas abrirão
passagem para o mundo.
Meus sonhos, meus fantasmas,
meus exércitos derrotados,
sacudirão o silêncio de convenção
e as máscaras de piedade compungida.
Dispensarei as rosas, as violetas,
os absurdos véus sobre meu rosto.
Serei eu mesma.
Estarei inteira sobre a mesa.
As mãos vazias e crispadas,
os olhos acordados,
a boca vincada
de amargor.
Não. Não irei sem grito.
Abram as portas adormecidas,
levantem as cortinas,
abaixem as vozes
e as máscaras -
que eu vou sair inteira.
Eu mesma. Solitária.
Definida.
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