Os refugiados chegam
Os refugiados chegam, vêm de trem,
vêm carregando suas vidas, suas aparências diferentes,
seus idiomas incompreensíveis, seus sofrimentos.
Os refugiados chegam, trazem insegurança e esperança.
Incomodam a carência, o cansaço, a luta que travam
para sobreviverem e poderem viver uma vida melhor, seja onde
for. Os refugiados chegam, como for, chegam inumeráveis, com
fome
de paz, de tranquilidade, com suas religiões, seus deuses
surdos, seus conflitos, suas
famílias separadas, suas lágrimas. Os refugiados chegam,
imploram ajuda, imploram
justiça, querem casa, comida, trabalho, escola para os
filhos. Os refugiados chegam
e não cessam de vir, uma chuva que não cessa de cair e
parece que inunda, que o barco
afunda, que a construção pode ruir. Os refugiados chegam e
nos encaram. Os refugiados
chegam e nos abalam. Os refugiados chegam, porque os deuses
não nos ouvem. Os
refugiados chegam, porque não são os deuses que fazem as
guerras, são os homens. Os
refugiados chegam, porque líderes políticos egômanos desatam
as catástrofes, os atos
desumanos. Os refugiados chegam e suas crianças assustadas
não sabem mais brincar.
Os refugiados chegam, porque líderes políticos com a vida
dos outros jogam. Os
refugiados chegam, porque não podemos mais deles nos
refugiar.
Viviane de Santana Paulo
Berlim, 2015
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