terça-feira, 23 de maio de 2017

MOTIVOS

Criamos esta coluna para que Menalton pudesse contar a vocês as razões que o levaram a escrever cada um de seus livros. 

Na primeira postagem, ele escreveu sobre o livro de contos "A coleira no pescoço". Agora é a vez da novela "A esperança por um fio", direcionada ao público jovem, que foi editada pela Ática, em 2003.


Com a palavra, Menalton Braff:



A esperança por um fio foi minha primeira incursão na literatura juvenil. Sempre pensei que literatura não precisa de adjetivos, e continuo pensando, mas é assim que se move o mercado editorial.

Eu tinha um conto, O ar quente da sala, que não me agradava. Havia alguma coisa solta, algo de menos ou de mais. Ele resultara de uma cena a que assisti de uma pessoa surtando, e me pareceu mais tarde é que se tratasse de um surto de paranoia. Não poderia ser esquizofrenia, pois em algum tempo a pessoa estava curada. Era alguma coisa mais ou menos aterradora.

O retorno do hospital, entretanto, foi o que mais me impressionou. A sensação de vazio com a ausência da pessoa doente, como se a vida então tivesse de ser refeita inteiramente.


Essa ideia inicial, transformada em conta, me incomodou por muito tempo, me acompanhou incomodando. Foi a época em que descobri que o romance nasce romance como o conto nasce conto. Até então me parecia que um poderia ser transformado no outro sem prejuízo da narrativa. Eu estava enganado.

Relendo diversas vezes o conto, acabei chegando à conclusão de que ele era um romance preso em camisa de força, um romance constrangido em um conto. Como o assunto eram as relações familiares e a personagem principal um adolescente, imaginei que poderia estar ali um romance juvenil e passei a trabalhar a história, agora com novos elementos, com um plano formal mais elaborado, uma estrutura mais bem pensada e o acréscimo de questões como sub-temas inexistentes no conto.

Para isso, contribuiu uma cena presenciada no saguão de um hospital, cena que me deflagrou o desejo de transformar o mau conto num romance juvenil. Os desencontros, os desentendimentos entre mãe e filho por falta de comunicação passaram a ser o assunto central da narrativa.

Editado pela Editora Ática em 2003.

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