Criamos esta coluna para que Menalton pudesse contar a vocês as razões que o levaram a escrever cada um de seus livros.
Na primeira postagem, ele escreveu sobre o livro de contos "A coleira no pescoço". Agora é a vez da novela "A esperança por um fio", direcionada ao público jovem, que foi editada pela Ática, em 2003.
Com a palavra, Menalton Braff:
A esperança por um fio foi minha primeira incursão na literatura juvenil. Sempre pensei que literatura não precisa de adjetivos, e continuo pensando, mas é assim que se move o mercado editorial.
Eu tinha um conto, O ar quente da sala, que não me agradava. Havia alguma coisa solta, algo de menos ou de mais. Ele resultara de uma cena a que assisti de uma pessoa surtando, e me pareceu mais tarde é que se tratasse de um surto de paranoia. Não poderia ser esquizofrenia, pois em algum tempo a pessoa estava curada. Era alguma coisa mais ou menos aterradora.
O retorno do hospital, entretanto, foi o que mais me impressionou. A sensação de vazio com a ausência da pessoa doente, como se a vida então tivesse de ser refeita inteiramente.
Essa ideia inicial, transformada em conta, me incomodou por muito tempo, me acompanhou incomodando. Foi a época em que descobri que o romance nasce romance como o conto nasce conto. Até então me parecia que um poderia ser transformado no outro sem prejuízo da narrativa. Eu estava enganado.
Relendo diversas vezes o conto, acabei chegando à conclusão de que ele era um romance preso em camisa de força, um romance constrangido em um conto. Como o assunto eram as relações familiares e a personagem principal um adolescente, imaginei que poderia estar ali um romance juvenil e passei a trabalhar a história, agora com novos elementos, com um plano formal mais elaborado, uma estrutura mais bem pensada e o acréscimo de questões como sub-temas inexistentes no conto.
Para isso, contribuiu uma cena presenciada no saguão de um hospital, cena que me deflagrou o desejo de transformar o mau conto num romance juvenil. Os desencontros, os desentendimentos entre mãe e filho por falta de comunicação passaram a ser o assunto central da narrativa.
Editado pela Editora Ática em 2003.
Blog de Literatura do escritor Menalton Braff, autor de 26 livros e vencedor do Prêmio Jabuti 2000.
Páginas
- ALÉM DO RIO DOS SINOS
- AMOR PASSAGEIRO
- Noite Adentro
- O Peso da Gravata
- Castelo de Areia
- Pouso do Sossego
- Bolero de Ravel
- Gambito
- O fantasma da segundona
- O casarão da Rua do Rosário
- Tapete de Silêncio
- À sombra do cipreste
- Antes da meia-noite
- Castelos de papel
- A coleira no pescoço
- Mirinda
- A Muralha de Adriano
- Janela aberta
- A esperança por um fio
- Na teia do sol
- Que enchente me carrega?
- Moça com chapéu de palha
- Como peixe no aquário
- Copo vazio
- No fundo do quintal
- Na força de mulher
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