Esta coluna reúne apresentações de obras escritas por Menalton Braff. O título de hoje é o romance "Concerto em si", de Lucy Gandra, lançado pela Multifoco, em 2015.
Cantata e fuga em mim
A Lucy Gandra se inicia na literatura narrativa com seu romance "Concerto em si". E se inicia do alto de seu conhecimento da língua, sua matéria-prima, que domina magistralmente, e da música, uma espécie de acompanhamento que jamais abandona a trama, do início ao fim.
Focalização interna fixa é como os teóricos modernos descreveriam o ponto de vista adotado pelo narrador. É uma espécie de narrador, no caso, em terceira pessoa, mas praticamente grudado aos olhos de Simone, muito poucas vezes afastando-se de seu campo de visão.
Com laivos de psicanálise, a autora procura no passado, mesmo um passado anterior à existência de Simone, a explicação para seu comportamento desajustado. Sua rebeldia, o ódio que sente pelas pessoas, o desprezo que sente por si mesma, tudo isso decorrendo de fatos que a
antecederam e que a acompanharam em seu crescimento.
Simone, a protagonista, vive uma fogueira de paixões desencontradas, e sofre por não saber que seu ódio é ódio ao desamor.
Convidada para uma festa de confraternização, vê-se envolvida numa intriga familiar da qual, peça mais frágil, dificilmente sairá incólume. Simone cria um mundo virtual paralelo a seu mundo real, transitando entre os dois de acordo com suas conveniências.
Não se trata de moralizar o comportamento desta ou daquela personagem, mas de analisar em profundidade, como faz a narradora, para do fundo emergir com uma melhor compreensão da alma humana.
A Lucy não é uma promessa: ela está pronta. Empenhou-se em uma tarefa cheia
de ciladas, a produção de um romance psicológico de vasto fôlego. E se saiu irosamente sem se deixar queimar pelas chamas da fogueira em que sua Simone está mergulhada.
Blog de Literatura do escritor Menalton Braff, autor de 26 livros e vencedor do Prêmio Jabuti 2000.
Páginas
- ALÉM DO RIO DOS SINOS
- AMOR PASSAGEIRO
- Noite Adentro
- O Peso da Gravata
- Castelo de Areia
- Pouso do Sossego
- Bolero de Ravel
- Gambito
- O fantasma da segundona
- O casarão da Rua do Rosário
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- À sombra do cipreste
- Antes da meia-noite
- Castelos de papel
- A coleira no pescoço
- Mirinda
- A Muralha de Adriano
- Janela aberta
- A esperança por um fio
- Na teia do sol
- Que enchente me carrega?
- Moça com chapéu de palha
- Como peixe no aquário
- Copo vazio
- No fundo do quintal
- Na força de mulher
segunda-feira, 3 de julho de 2017
ORELHA
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09:46
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