quarta-feira, 27 de setembro de 2017

CANTIGAS DE AMIGOS

Para o meu querido Professor
(Lígia Freitas)

Com os olhos vendados
Pela inocência de uma criança,
Comecei a escrever desde miúda,
Nos tempos que o açuda
Demorava a esvaziar.
Em cada verso uma palmada,
A cada expressão um sofrimento.
Esse não era o meu intento.
Guardei as flores, cheias de espinhos.
Desisti desse caminho.

Mas o destino não quis assim.
Era a fase da maldade dentro de mim,

Do velho espelho, espelho meu,
Daquelas difíceis idades.
Eis que um professor chegou e mudou a humanidade.
Ele era de corpo e alma,
Com os óculos à prova d água
E um jeito ligeiro de pensar.

De canção em canção fez o dó, ré, mi, fá,
De ditado em ditado, ensinou-me a falar,
De oração em oração, os poemas começaram a brotar.
De laços afetivos, até no tilintar de uma reprovação,
Querido professor, hoje eu lhe devo a redenção.

Procuro-te por indicação da escritora Vanessa Maranha,
A quem delego essa nobre façanha,
De colocar-me cara a cara com o Senhor.
Enxugo aqueles olhos marejados de adolescente,
E vou direto ao ponto:
Não conto contos,
Não faço romances.
Gosto de rimas e poemas,
Crônicas e dilemas.

Estendo-te as minhas mãos calejadas,
Dos idos tempos de escola,
Como quem a ti pedia uma linda canção.
Peço-te, em verdade, um minuto da vossa bondade,
Um minuto da vossa atenção.
Se um dia, a ti prometi escrever com vontade,
Hoje te prometo gratidão.



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