quarta-feira, 4 de outubro de 2017

CANTIGAS DE AMIGOS

ROTINA
(Ronaldo Cagiano)

O último trem vara meus
instintos – a vida segue como um tiro.
(Tanussi Cardoso)

Do pátio da velha estação
(esqueleto desativado onde hibernam morcegos)
procuro no tempo escuro e abissal
a histriônica locomotiva da infância
penetrando a cidade como um raio.

Fera metálica atravancando a avenida
beirava o córrego como uma centopeia arengueira
recolhendo os olhares de mulheres nas janelas
adestrando o galope dos  moleques
que, disputando com a máquina alucinada,
venciam a corrida contra alguma coisa que não sabiam

Aquele trem no vai e vem
com seu barulho contumaz
emerge - feito o passado latente -
dos escaninhos da noite

Animal sem metafísica
insistente como o presente
ainda impõe a melodia insolente
dos apitos
enquanto

desconheço a tirania do futuro.

Um comentário:

  1. Brasília, 11 de outubro de 2017

    Lembrei-me de Bom Despacho om a sua Maria Fumaça e o Museu Ferroviário nas instalações da antiga Estrada de Ferro Paracatu. Parabéns, Ronaldo Cagiano, pela sua literatura cada vez mais expressiva expressiva, instigante e moderna.

    Um grande abraço do

    Jacinto Guerra

    ResponderExcluir

http://twitter.com/Menalton_Braff
http://menalton.com.br
http://www.facebook.com/menalton.braff
http://www.facebook.com/menalton.braff.escritor
http://www.facebook.com/menalton.para.crianças