(Ronaldo Cagiano)
O último trem vara meus
instintos – a vida segue como um tiro.
(Tanussi Cardoso)
O último trem vara meus
instintos – a vida segue como um tiro.
(Tanussi Cardoso)
Do pátio da velha estação
(esqueleto desativado onde hibernam morcegos)
procuro no tempo escuro e abissal
procuro no tempo escuro e abissal
a histriônica locomotiva da infância
penetrando a cidade como um raio.
Fera metálica atravancando a avenida
Fera metálica atravancando a avenida
beirava o córrego como uma centopeia arengueira
recolhendo os olhares de mulheres nas janelas
adestrando o galope dos
moleques
que, disputando com a máquina alucinada,
venciam a corrida contra alguma coisa que não sabiam
Aquele trem no vai e vem
com seu barulho contumaz
emerge - feito o passado latente -
dos escaninhos da noite
Animal sem metafísica
insistente como o presente
ainda impõe a melodia insolente
dos apitos
enquanto
desconheço
a tirania do futuro.
Brasília, 11 de outubro de 2017
ResponderExcluirLembrei-me de Bom Despacho om a sua Maria Fumaça e o Museu Ferroviário nas instalações da antiga Estrada de Ferro Paracatu. Parabéns, Ronaldo Cagiano, pela sua literatura cada vez mais expressiva expressiva, instigante e moderna.
Um grande abraço do
Jacinto Guerra