(Kika Gama*)
Bem se percebe que os
instrumentos do tempo
descansam aos pés da lima da circunstância
pois sendo sempre cegos no lado da lâmina
suas incidências afiam-se conforme o evento.
Para que uma tristeza desenhe um vinco ou uma dobra
e a alegria suavize-se em delícias momentâneas,
é preciso que se harmonizem, como agulha e pano,
no bordado do momento que a mão simbólica desenha,
a superfície e a manobra do encontro das pontas
O que é a criatura senão um floco de vento e enigma
conduzindo-se entre
as linhas do destino e das sombras,
ora vítima da má hora
ora rindo-se do a cinte da sorte?
Vê-se bem que a roda da fortuna firma-se e apoia-se
na cunha da ocasião, e o pó da mó recobre o engenho;
apoiado em colunas
marmóreas o feixe de instrumentos
apenas testemunha os
feros movimentos da forma aleatória.
*Maria Cristina Gama de Figueiredo foi uma poeta, compositora e advogada sergipana (1964-2010).
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