
(Vasco Pereira)
Pálpebras cerradas
aprisionam nossos silêncios.
As opiniões são fósforos riscados
e os sentimentos cinzas pelos cantos.
Não há luz: há muito não pagamos a conta.
Cultivamos nossa indiferença
com a calma de um barco
que apodrece no fundo do rio.
Somos ricos em perdas
e pobres em ruídos caseiros.
Marcamos território com miolos de pão
ressecados pela baixa umidade dos olhos.
Não há anúncios de batalha:
há silêncios e feridos
dos dois lados da muralha.
O tempo nos secou ao sol.
Continuamos como duas camisas no varal,
dependendo do vento
para ensaiar falsos abraços.
*Poema do livro "Quem sabe, a Primavera..."
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