
Qualquer dia destes me boto na estrada rumo ao sul. Meu desejo é, além de visitar duas cidades onde passei uma temporada da adolescência, descer até São Miguel das Missões pra ver os restos de um sonho, como é que ficaram.
A história desse sonho é curta e nem sempre é encontrada nos livros didáticos de História. Não sei por quê. Ocorre que no século XVII, entrando pelo XVIII, uma das correntes no interior da Companhia de Jesus era formada por padres milenaristas, crentes de que seria sua obrigação criar um Império Cristão, uma teocracia em terras americanas.
Ora, mas justo em terras americanas? Claro. Uma nova tentativa de Jardim do Éden só seria possível povoando certo espaço com seres puros sem os vícios da civilização. Portanto, América, em que o estado selvagem era considerado estado de pureza.
Oculto ou não, o projeto de construir as reduções indígenas (norte e oeste do Rio Grande do Sul) tinha como um de seus desideratos criar uma região em que não entrasse a malícia dos europeus. Os padres jesuítas eram espanhóis e o Rio Grande do Sul pertencia à Espanha.