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terça-feira, 22 de maio de 2012

UMA COISA INÚTIL | revista Bula

Acesse a publicação original no site da Revista Bula

Alguém pode me dizer qual é a utilidade do amor? Até hoje ninguém me convenceu. Ele, o amor, é inteiramente inútil. Como a vida. Não tem utilidade. Ter filhos, amigos, tudo tão inútil como a arte. Uma ideia, esta da inutilidade, que me parece ter comparecido em algum escrito de Kant. Na Crítica da Razão Prática? Não sei. E essa ignorância em assuntos filosóficos me dá coceira no corpo todo. Bem, se não foi o Kant alguém deve ter dito isso, e juro que não fui o inventor.

Texto republicado no
Blog do Manoel Afonso
Penso nessas coisas quando tenho de ouvir umas pessoas dizendo que literatura é uma coisa inútil. Sou obrigado a concordar. Se amigo e filho têm utilidade não são mais amigo e filho, passando à categoria de instrumento. Enfim, servem para alguma coisa.

Apesar disso, continuo lendo, e cada vez com maior paixão. E continuo vivo nem sei pra quê, pois se a vida também é inútil. Essa é uma afirmação perigosa, em alguns sentidos letal, pois há pessoas que não se interessam por coisa alguma que não tenha utilidade.

terça-feira, 20 de março de 2012

UMA REFLEXÃO SOBRE O GOSTO

Immanuel Kant 
Aristóteles
AFINAL, GOSTO SE DISCUTE?
                                                                                  Matheus Arcaro

Para Immanuel Kant, sim. Tanto é que ele dedicou uma obra inteira para as questões do gosto, a “Crítica da Faculdade de Julgar”, publicada em 1790. Para o filósofo supracitado é possível discutir o gosto porque uma discussão é diferente de uma disputa. Filosoficamente, uma disputa é uma batalha de argumentos que exigem demonstrações, a fim de que uma ideia prevaleça. Uma discussão é um processo de lapidação das opiniões, cuja finalidade é chegar a um acordo entre as partes. Assim, não se disputa  sobre o belo, porém pode-se discuti-lo. Kant afirma ainda que a experiência estética é compartilhável e que a beleza é
Nietshe
uma ideia universal da razão. Seu conteúdo e sua forma podem variar segundo circunstâncias históricas e segundo a subjetividade dos artistas, mas o sentimento de belo, fundamento do juízo de gosto, é universal.

Partindo das proposições kantianas, ou seja, se o sentimento de beleza é universal e passível de partilha, por que, atualmente, vivemos uma carência de esteticidade? Hoje em dia, se perguntássemos a uma pessoa comum o que é um artista, provavelmente ela elencaria nomes de atores de televisão ou cantores populares. Escritores, pintores e escultores com quase toda certeza não seriam citados. Para este indivíduo, diferentemente da concepção Romântica, o artista não é o gênio criador, inspirado divinamente; é alguém que realiza performances. Por que esta percepção? Na contemporaneidade, a sociedade do espetáculo está intrinsecamente ligada à Indústria Cultural. Com a necessidade de fazer girar o capital, a indústria da cultura, de maneiras diversas, distorce o conceito de beleza porque sua finalidade é atingir um número grande de pessoas. "Onde as massas têm o poder de decidir, a autenticidade se torna supérflua, nociva e prejudicial", sentenciou Nietzsche. Sobre este ponto, a literatura é ilustrativa: por que livros, digamos, “palatáveis” (autoajuda, por exemplo) vendem muito mais do que livros complexos e bem escritos? Uma das respostas possíveis: a literatura genuína faz o leitor tropeçar.