sexta-feira, 22 de junho de 2012

PARÁBOLA DO CÁGADO VELHO (17)

NOTÍCIAS DE CALPE

Pág. 90 - "Passaram anos como se de meses se tratassem. Não acontecia nada. Só eles iam envelhecendo. A guerra não chegava ali, embora mutos sinais a anunciassem cada vez mais perto."
(...)
"As lavras e as nakas tinham alastrado, todo o vale era aproveitado para alimentar uma população cada vez mais numerosa.Havia quatro kimbos, muito próximos uns dos outros."

Pág. 91 - "A vida deles perdeu muito sentido ou pelo menos a alegria. A Muari sentira a falta de Munakazi como ele. Não da mesma maneira, é claro, mas com igual intensidade,"
"Até que um dia uma novidade agitou o vale inteiro. O filho de Mande, chamado Zacaria, tinha regressado. Vinha passar uns dias com os pais. (...) Ulume foi logo informado que Kanda se encontrava em Calpe, agora era um oficial importante e mandava um recado que algum dia também apareceria."
"Foi no terceiro dia da sua estadia que Zacaria procurou Ulume acompanhadio pelo pai. (...) ... depois Zacaria explicou que deixara o exército já há tempos, mas nunca tinha vindo antes pois era perigoso, porque se os do outro exército o apanhassem podiam matá-lo. (...) Deixou o exército e trabalhava em Calpe como mecânico."
Pág. 92 - "(...) Que Kanda tinha casado, já com dois filhos, um menino e uma menina. (...) A Muari não resistiu a repetir uma observação que já tinha feito para Ulume:
- Casou e nem nos procurou. Para quê ter filhos então?"
(...)
"Ulume lhe segurou no braço. Apontou com a cabeça para Mande e disse:
O teu pai está aí, tens de prometer uma coisa à frente dele. Descobriste este sítio onde nos escondemos, muito bem, vieste sem arma. Mas promete, não dizes a ninguém que tenha arma como se chega até aqui. (...)"
Pág. 93 - "- Mas nem o Kanda pode saber? - perguntou Zacaria.
- Não, ele tem arma."
(...)
"- (...) Mas o seu filho mandou também um recado. Ele soube do casamento com a Munakazi e não ficou nada contente. Poligamia é muito feio, já não se faz. (...) E depois, casar com uma miúda que era mais nova que os próprios filhos, isso nunca dá bom resultado. Foi o que Kanda me mandou dizer."
Pág. 94 - "Zacaria fez um gesto de ignorância. Depois acrescentou:
- Não sabemos onde ela está, nem se ainda vive. Kanda só soube que ela tinha ido embora. Também não procurou, talvez tenha meios de saber mas não quer."
(...)
Pág. 96 - "Quando Zacaria se foi despedir de Ulume, porque ia voltar para Calpe, perguntou tem algum recado para Kanda? Que não venha aqui enquanto não acabar a guerra, repetiu Ulume, que ninguém que use arma venha aqui. (...) Imaginou que Ulume ia dizer, ele não tem nada que me julgar, continua a ser o mesmo míúdo atrevido. Ou coisa parecida. Kanda ia rebentar de raiva e era ele, Zacaria, que ia ouvir o que Ulume não ouviria. Felizmente o mais velho preferiu ignorar as opiniões do filho. Já a Muari mandou outros recados, disse que era por estar muito velha, senão ia com ele até Calpe para conhecer a nora e os netos. Diz isso ao meu filho, está bem? E que ficámos muito contentes sabendo que tudo lhe corre como ele quer." 

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