quinta-feira, 21 de março de 2013

TEXTOS DE AMIGOS

Os dois poemas que seguem são de meu amigo Vasco Pereira, de Sertãozinho. O primeiro foi diversas vezes premiado, sendo um dos prêmios o terceiro lugar no OFF FLIP, de Parati, em 2012.


FALSOS ABRAÇOS

 Pálpebras cerradas
 aprisionam nossos silêncios.
As opiniões são fósforos riscados
e os sentimentos cinzas pelos cantos.
Não há luz: há muito não pagamos a conta.


Cultivamos nossa indiferença
com a calma de um barco
que apodrece no fundo do rio.

Somos ricos em perdas
e pobres em ruídos caseiros.
Marcamos território com miolos de pão
ressecados pela baixa umidade dos olhos.

Não há anúncios de batalha:
há silêncios e feridos
dos dois lados da muralha.

O tempo nos secou ao sol.
Continuamos como duas camisas no varal,
dependendo do vento
para ensaiar falsos abraços.


O fim

Quero sim
que o fim seja assim
um átimo sem susto
sem aves voando da árvore
sem fé, orvalho, prece
exumação de cadáver
flores murchas
fumaça de cigarro
um vapt sem vupt
quero sim
que seja assim
sem reticências
assim sem susto
sem tempo de ouvir
o raio no arbusto
que seja assim
de repente, furtivo, minúsculo
que ninguém note
ou anote
assim, à toa,
sem fé, orvalho, prece
ou “Era uma boa pessoa”                

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