Como já foi informado na semana passada, a escolha para a leitura deste mês de abril recaiu sobre o livro Molloy, de Samuel Beckett, que a editora preferiu classificar como "ficção francesa", mas sem nenhuma dúvida poderemos chamar de romance.
Molloy, o protagonista é um marginal, mas não no sentido de "criminoso", senão como um excluído da sociedade.
Ele perambula pelas ruas de uma cidade inominada, em busca da mãe, uma velha presa à sua cama. É preso, libertado por falta de acusação; sua bicicleta mata um cachorro, ele não consegue fugir da multidão vingadora, mas a dona do cachorro afirma que o estava casualmente levando para que o veterinário lhe desse uma injeção letal para acabar com seu sofrimento: a velhice. Molloy vai ajudar no enterro do cachorro.
Molloy tem uma perna dura, por isso pedala com apenas uma, levando as muletas presas à barra superior do quadro da bicicleta.
O texto não tem parágrafo e a pontuação é estilística, sem muitas concessões à gramática.
Por tratar-se de fluxo de consciência contínuo, lembra as cem páginas finais de Ulisses. Aliás, a influência de James Joyce é confessada por Beckett. E mesmo o nome Molloy não deixa de lembrar as páginas em que Molly, depois de deitar, liberta o pensamento que corre solto, sem qualquer sequência lógica. É mais ou menos o que ocorre com Molloy.
Fragmento:
Pág. 30 - "Ele ouve meus gritos, se volta, me espera. Estou bem junto dele, junto do cão, ofegante, entre minhas muletas. Tem um pouco de medo, um pouco de pena de mim. Causo-lhe um certo desgosto. Não sou bonito de ver, não cheiro bem. O que é que eu quero? Ah, esse tom eu conheço, mistura de medo, pena, desgosto. Quero ver o cachorro, ver o homem, de perto, saber o que fumega, inspecionar os sapatos, reparar noutros indícios. Ele é bom, me diz isso e aquilo, me ensina coisas, de onde vem, para onde vai. Acredito nele, sei que é minha única chance de - minha única chance, acredito em tudo que me dizem, já me recusei demais na minha longa vida, agora engulo tudo, com avidez."
(CONTINUA)
Molloy, o protagonista é um marginal, mas não no sentido de "criminoso", senão como um excluído da sociedade.
Ele perambula pelas ruas de uma cidade inominada, em busca da mãe, uma velha presa à sua cama. É preso, libertado por falta de acusação; sua bicicleta mata um cachorro, ele não consegue fugir da multidão vingadora, mas a dona do cachorro afirma que o estava casualmente levando para que o veterinário lhe desse uma injeção letal para acabar com seu sofrimento: a velhice. Molloy vai ajudar no enterro do cachorro.
Molloy tem uma perna dura, por isso pedala com apenas uma, levando as muletas presas à barra superior do quadro da bicicleta.
O texto não tem parágrafo e a pontuação é estilística, sem muitas concessões à gramática.
Por tratar-se de fluxo de consciência contínuo, lembra as cem páginas finais de Ulisses. Aliás, a influência de James Joyce é confessada por Beckett. E mesmo o nome Molloy não deixa de lembrar as páginas em que Molly, depois de deitar, liberta o pensamento que corre solto, sem qualquer sequência lógica. É mais ou menos o que ocorre com Molloy.
Fragmento:
Pág. 30 - "Ele ouve meus gritos, se volta, me espera. Estou bem junto dele, junto do cão, ofegante, entre minhas muletas. Tem um pouco de medo, um pouco de pena de mim. Causo-lhe um certo desgosto. Não sou bonito de ver, não cheiro bem. O que é que eu quero? Ah, esse tom eu conheço, mistura de medo, pena, desgosto. Quero ver o cachorro, ver o homem, de perto, saber o que fumega, inspecionar os sapatos, reparar noutros indícios. Ele é bom, me diz isso e aquilo, me ensina coisas, de onde vem, para onde vai. Acredito nele, sei que é minha única chance de - minha única chance, acredito em tudo que me dizem, já me recusei demais na minha longa vida, agora engulo tudo, com avidez."
(CONTINUA)
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