Molloy, de Samuel Beckett, foi o livro escolhido para ser lido no mês de abril.
Na primeira parte, o narrador é Molloy, que, pelo fluxo de consciência contínuo pode lembrar a Molly Bloom, do James Joyce.
O discurso é coloquial, com forte oralidade por algumas expressões que tornam o leitor interlocutor de Molloy. É uma história contada pelo protagonista ao leitor, tornado-o cúmplice do narrador.
Na segunda parte, Moran é o narrador. Ele é um agente e recebe a incumbência de investigar Molloy. Moran vive com seu filho e uma velha empregada com os quais tem relações conflitantes aos limites do absurdo. Há muito humor e ironia em ambas as partes. Moran prepara-se para partir em busca de Molloy. Mas a viagem não se inicia. Ele deve partir à meia-noite. Os motivos nunca são dados ou, pelo menos, quando dados são aparentemente ilógicos.
O texto desta segunda parte é mais concatenado apesar de girar em torno de questões absurdas. Agora já aparece uma estrutura com parágrafos e uma pontuação gramatical.
Um trecho da página 169:
"Já que adiei desse modo o prazo, tenho de me desculpar por dizê-lo? Deixo esta sugestão no ar por via das dúvidas. E sem me interessar por isso além da conta. Pois ao escrever sobre essa viagem sou de novo aquele que a sofreu, que a estufou com uma vida ansiosa e fútil, com o único objetivo de se aturdir, de poder não fazer o que tinha de fazer. E assim como naquela época o meu pensamento se recusava a Molloy, esta noite a minha pena também. Já faz algum tempo que esta confissão está me atormentando. Não me alivia.
Refleti com amarga satisfação que se meu filho viesse a sucumbir no percurso, não teria sido eu quem o teria desejado. A cada um as suas responsabilidades. Conheço alguns a quem elas não impedem de dormir."
(CONTINUA)
Na primeira parte, o narrador é Molloy, que, pelo fluxo de consciência contínuo pode lembrar a Molly Bloom, do James Joyce.
O discurso é coloquial, com forte oralidade por algumas expressões que tornam o leitor interlocutor de Molloy. É uma história contada pelo protagonista ao leitor, tornado-o cúmplice do narrador.
Na segunda parte, Moran é o narrador. Ele é um agente e recebe a incumbência de investigar Molloy. Moran vive com seu filho e uma velha empregada com os quais tem relações conflitantes aos limites do absurdo. Há muito humor e ironia em ambas as partes. Moran prepara-se para partir em busca de Molloy. Mas a viagem não se inicia. Ele deve partir à meia-noite. Os motivos nunca são dados ou, pelo menos, quando dados são aparentemente ilógicos.
O texto desta segunda parte é mais concatenado apesar de girar em torno de questões absurdas. Agora já aparece uma estrutura com parágrafos e uma pontuação gramatical.
Um trecho da página 169:
"Já que adiei desse modo o prazo, tenho de me desculpar por dizê-lo? Deixo esta sugestão no ar por via das dúvidas. E sem me interessar por isso além da conta. Pois ao escrever sobre essa viagem sou de novo aquele que a sofreu, que a estufou com uma vida ansiosa e fútil, com o único objetivo de se aturdir, de poder não fazer o que tinha de fazer. E assim como naquela época o meu pensamento se recusava a Molloy, esta noite a minha pena também. Já faz algum tempo que esta confissão está me atormentando. Não me alivia.
Refleti com amarga satisfação que se meu filho viesse a sucumbir no percurso, não teria sido eu quem o teria desejado. A cada um as suas responsabilidades. Conheço alguns a quem elas não impedem de dormir."
(CONTINUA)
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