O poema que segue está no livro Canção dentro da Noite, de meu amigo Ronaldo Cagiano, poeta e contista dos mais prestigiados do país.
A Rua
A rua sem ninguém, um rio seco,
escuro corredor de muitos ventos.
Ciro José Tavares
A rua está ausente e longínqua,
como uma estepe inatingível,
sobre cicatrizes de antigas procissões
e revolvida pelo séquito
de solenes funerais.
O frio de agora não vem do tempo,
mas do silêncio abissal
de casas adormecidas,
com seus telhados ásperos
e gatos vadios
mastigando teias pelo alpendre.
Artéria fatigada
por onde já não escorre
sequer o sangue coalhado das memórias,
mas seus jazigos perdulários
guardam remotas oferendas,
angústias e avarias
da guerra da cada um.
Passa por ela
uma legião aborrecida
de cantos inaudíveis,
séquito de fantasmas,
onde jaz, nas portas
e suas fechaduras hediondas,
a solidão de gerações esquecidas nas paredes,
sarcófagos e testemunhas
da inexorabilidade do tempo.
A Rua
A rua sem ninguém, um rio seco,
escuro corredor de muitos ventos.
Ciro José Tavares
A rua está ausente e longínqua,
como uma estepe inatingível,
sobre cicatrizes de antigas procissões
e revolvida pelo séquito
de solenes funerais.
O frio de agora não vem do tempo,
mas do silêncio abissal
de casas adormecidas,
com seus telhados ásperos
e gatos vadios
mastigando teias pelo alpendre.
Artéria fatigada
por onde já não escorre
sequer o sangue coalhado das memórias,
mas seus jazigos perdulários
guardam remotas oferendas,
angústias e avarias
da guerra da cada um.
Passa por ela
uma legião aborrecida
de cantos inaudíveis,
séquito de fantasmas,
onde jaz, nas portas
e suas fechaduras hediondas,
a solidão de gerações esquecidas nas paredes,
sarcófagos e testemunhas
da inexorabilidade do tempo.
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