CANTIGAS DE AMIGOS

O poema abaixo pertence ao livro O Herói Desvalido, de Maria Carpi,

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O medo é granítico, intratável.
No entanto, nasce na dissolução
da mesma vala, a inevitável

podridão, erguem-se a dureza
entranhada e a evasão da árvore.
A pedra da duração e o outro fruto.


O ir-se à luta transpira no pó,
a estupefação, onde enferma
jaz a figura de quem levanta.

E emerge debulhado, lasca
a lasca, da matéria atônita,
certeza das vacilações, âncora

do abismo de um jasmim.
Antídoto sem ataduras,
estrangeiro em si coeso,

emerge solar, da monolítica
demasia, um punhal da forja
e ainda guarda a acre substância.

Ainda é lava. O buril escava
sobre o calafrio os veios do suor
e afloram desses golpes e goles,

dessas marteladas, as feições
do vulnerável, o peito arqueado,
a testa lustral, mas também

- ó tremor - a dolência dos olhos.