quarta-feira, 14 de outubro de 2015

CANTIGAS DE AMIGOS

O poema de hoje é de Flora Figueiredo e está publicado no livro "O trem que traz a noite".

Meu manifesto:


protesto veementemente
contra nosso amor pendente
na corda bamba da vida.
Rejeito a saudade escondida
no bolsinho de trás do coração.
Não abro mão da ternura
se cai do teto, 
se a sala é escura,
se o caminho que era reto ficou torto.
Se o gato mia ou finge-se de morto.
E repudio o lamento que cai na sopa
a cada despedida a queima-roupa,
que acaba perdendo-se no vento.
Mas, sobretudo,
exijo um tapete de veludo
para os passos que eu ainda quero dar.
Se você não se julgar capacitado,
esqueça a cena do beijo apaixonado,
devolva o tema,
desligue o som.
De tudo que foi bom eu guardo o espanto
por tê-lo achado e me perdido tanto,
por ter fundido meu tempo em sua hora.
Acertadas assim as diferenças,
guarda-se o sonho no canto da despensa,
escreve-se um adeus – e vai-se embora.






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