quarta-feira, 15 de maio de 2019

CANTIGAS DE AMIGOS

FI-LO "SOFIA"

(Cássio Vasconcelos)

“Penso, logo NÃO existo
E quanto mais à dialética me dedico
Mais sei que nada sei
No reino da ignorância sou rei
Sou súdito e, mais que tudo
O bufão que me chama de estúpido
E o que penso não é o que penso
Na corte que corteja o arremedo
E coroa aquilo que outrora se pensou
Nessa retórica entrei de gaiato
Transformado em papagaio de mito
Por isso me basta sofisma
Renegue-me, descarte-me
Irracionalize-me por filantropia
Adorada sabedoria ‘muy amiga’
Desculpe-me pelo desabafo
Fi-lo, ‘Sofia’, porque há muito sofria
Com as respostas que você não traria
Ah, socrática homilia

Como gostaria de ter existido
E ter amado o que faz sentido
Teria sido o mais douto dono da verdade
A deixar os loucos loucos por vaidade
E tem mais verborragia
Fui estuprado pelo mago lógico
E levado à masturbação mental por gozo tóxico
Penso, logo não resisto
Em condenar eruditos aguerridos
Por terem me conduzido ao desatino
Minha sanidade está sob hipóteses
Ignorante duvida, sábio afirma, sensato não se mete
Com urgência, excomunga-me,, Aristóteles
Vida (…) questionada não merece ser vivida
‘Desplatoniza-me’ então, ’Sofia’ pia
Dê-me a possibilidade de ser feliz no nada
Neste vazio repleto de indispensável sucata“

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