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Sobrevivendo à casa
Por Valdemir Pires
Em O Casarão da Rua do Rosário, as inexoráveis marcas
do tempo sobre as coisas, sobre as pessoas e sobre os relacionamento são
pintadas por Menalton Braff com cores de tristeza, mas com nuances que fogem ao
sombrio, marcando a memória com sabores de vitória sobre as adversidades —
embora sejam, com frequência, percebidas, a posteriori, como vitórias de Pirro.
A ânsia de viver, que encontra acolhida para além do
portão pesado do casarão controlado pelas tias solteironas e carolas (Benvinda,
a terrível; Amélia, Ivone e Joana, as submissas), é contida, freada, cerceada
pelas paredes carregadas de falsa tradição e poder do imóvel decadente,
ameaçado pelos edifícios de um novo tempo.