Nós,
os torcedores
Pouco
entendo de futebol e não digo isso com o orgulho esnobe de quem não quer
misturar-se ao povo, mas com a humildade de quem gosta de ver um bom jogo sem
entender muito bem tudo o que acontece no espetáculo. Existe uma falta, por
exemplo, que sempre anuncio para o lado contrário. Não consigo entender como é
que um jogador se atira sobre o outro, com o risco de saírem os dois machucados
(dizer “contundido” já seria desmentir a declaração inicial), e o juiz o
beneficia com uma falta contra sua vítima, o jogador agredido.
Sei
que são vinte e sete envolvidos diretamente. Se você, caro leitor, não acredita
nesses números, é porque nunca meditou sociologicamente sobre o assunto, como
já o fez Monteiro Lobato lá pelos inícios do século passado. Não nos esqueçamos
de que o juiz e seus quatro auxiliares são peças mais do que importantes no
espetáculo, contribuindo, em geral, com suas genitoras em função altamente
relevante, pois são elas o alvo de torcedores com tensões das mais diversas
origens, que, naquele momento, encontram seu desabafo, como a válvula na panela
de pressão. E como os vinte e sete envolvidos (se é que o convenci) são seres
humanos, outras lições consigo tirar de uma partida de futebol.