quarta-feira, 31 de outubro de 2012

CARTA CAPITAL | NÓS, OS TORCEDORES



Nós, os torcedores

Pouco entendo de futebol e não digo isso com o orgulho esnobe de quem não quer misturar-se ao povo, mas com a humildade de quem gosta de ver um bom jogo sem entender muito bem tudo o que acontece no espetáculo. Existe uma falta, por exemplo, que sempre anuncio para o lado contrário. Não consigo entender como é que um jogador se atira sobre o outro, com o risco de saírem os dois machucados (dizer “contundido” já seria desmentir a declaração inicial), e o juiz o beneficia com uma falta contra sua vítima, o jogador agredido.

Sei que são vinte e sete envolvidos diretamente. Se você, caro leitor, não acredita nesses números, é porque nunca meditou sociologicamente sobre o assunto, como já o fez Monteiro Lobato lá pelos inícios do século passado. Não nos esqueçamos de que o juiz e seus quatro auxiliares são peças mais do que importantes no espetáculo, contribuindo, em geral, com suas genitoras em função altamente relevante, pois são elas o alvo de torcedores com tensões das mais diversas origens, que, naquele momento, encontram seu desabafo, como a válvula na panela de pressão. E como os vinte e sete envolvidos (se é que o convenci) são seres humanos, outras lições consigo tirar de uma partida de futebol.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

QUESTÕES DE ESTÉTICA DA LITERATURA (34)

Hierarquia de Hjelmslev
Pág. 79 - 2.6. Heterogeneidade da semiose estética


"Uma experiência como a anterior comprova a pertinência da teoria proposta por alguns semioticistas sobre a natureza típica e explicitamente heterogénea das mensagens artísticas. Como Emilio Garroni demonstra, não existe nenhuma linguagem específico-simples ou homogénea, nem existe, consequentemente, 'una manifestazione semiotica quale che sia, artistica o no, verbale o no, che possa essere considerata - nella sua (pág. 80) totalitá concreta - pura o omogenea.'

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

MACUNAÍMA (8)

Na postagem anterior, Macunaíma subjuga Ci, a Mãe do Mato, e se torna Imperador, com uma vida mansa como deus dá.


Pág. 29 - "Porém nos dias de muito pajuari bebido, Ci encontrava o Imperador do Mato-Virgem largado por aí num porre mãe. Iam brincar e o herói esquecia no meio.
- Então, herói!

- Então o quê!

domingo, 28 de outubro de 2012

LIVRO RECEBIDO NA SEMANA

Título: Alcova dos anjos

Autor: Adriano Moreira

Editora: Quatrilho Editorial

Gênero: Poesia


Da 4ª capa:

"Adriano Moreira é um sonhador, não deixa de crer no amor, por mais mal que esse lhe faça. Tal sentimento lhe é a água da vida, a pedra fundamental sobre a qual ele ergue sua lírica, seja para cantá-lo com suavidade ou ojeriza. O amor o visita em noites e dias, transpira das carnes e das almas, e lhe é, como disse Shakespeare, 'leve e pesado'. E mesmo que estertorado, ferido, torturado, é a seiva primordial de seu existir. Adriano faz um delicioso relato poético das ansiedades, consumações e inspirações que lhe provêm de tal sentimento."
Luiz F. Hainl - Mestre em Literatura 

MAIS REPERCUSSÃO DA VIAGEM LITERÁRIA

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Menalton Braff em Ilha: enquanto houver sentimento haverá literatura

Ilha Comprida- Com o auditório do Espaço Cultural Plínio Marcos completamente lotado, o escritor Menalton Braff participou do bate papo com a população, dentro do Viagem Literária – programa de incentivo à leitura da Secretaria de Estado da Cultura em parceria com a Prefeitura. À platéia de diferentes idades, Menalton afirmou que a literatura sempre evoluiu e vai continuar em evolução.”Podemos dizer que enquanto houver sentimento, haverá literatura”, disse.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

MAIS UM CONTO INÉDITO


Em família

 

 

 

Todos reunidos em volta da cama com seus olhos abertos resplandecentes de esperteza, todos fechando em círculo as saídas com seus corpos grandes, à espera. Um muro de músculos e hálitos plantado em sua volta. Eles sabiam de tudo. Então eles sabiam de tudo. Completaram suas idades, desde o início, sabendo de tudo, mas sem coragem de revelar que sabiam.

AQUARELAS


Iluminuras 13

D. Pedro, o segundo, olha insatisfeito para os lados. Tanto problema, e seu pai, em vez de ajudar, foi brigar com o tio D. Miguel por causa de uma cadeira. Observa as primeiras estrelas que aparecem no céu e foge para dentro de sua melancolia.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

VIAGEM LITERÁRIA AINDA REPERCUTE


Em bate-papo na Ilha, escritor Menalton Braff afirmou que enquanto houver sentimento, haverá literatura
Ilha Comprida - Com o auditório do Espaço Cultural Plínio Marcos completamente lotado, o escritor Menalton Braff   participou do bate papo com a população, dentro do Viagem Literária – programa de incentivo à leitura da Secretaria de Estado da Cultura em parceria com a Prefeitura. À platéia de diferentes idades, Menalton afirmou que a literatura sempre evoluiu e vai continuar em evolução.”Podemos dizer que enquanto  houver sentimento, haverá literatura”, disse.
Segundo o escritor, grandes nomes da literatura  nunca exploram o incidental, o momentâneo mas, sim, tratam de questões universais, que acontecem em qualquer parte do mundo.  Ao responder às diversas perguntas da platéia, Menalton  afirmou que sua motivação para escrever vem do convívio com as pessoas, a conversa e o debate com o público. “Com as pessoas que gosto e as pessoas que não gosto, o que eu leio, tudo é matéria para um livro. Você bate tudo dentro do liquidificador e escreve um livro”, afirmou.
Menalton Braff tem dezenove livros publicados, mais um no prelo e um prêmio Jabuti na bagagem, conquistado em 2000, com a coletânea de contos À sombra do cipreste. O autor dedica todo seu tempo a atividades literárias. Já foi um dos finalistas da Jornada de Passo Fundo, em 2003; foi também finalista do Jabuti em 2007, com o volume de contos A coleira no pescoço, e em 2008, com o romance A muralha de Adriano. Este último ainda lhe rendeu Menção Honrosa no 50º Prêmio Casa de las Américas (Havana), edição de 2009, e posição entre os finalistas do Prêmio São Paulo de Literatura. Acaba de lançar O casarão da rua do Rosário pela Bertrand Brasil.
Mais informações sobre o autor podem ser obtidas no http://www.menalton.com.br.

MACUNAÍMA (7)

Em nossa última postagem, Macunaíma encontra uma cotia, a quem chama de ávó. Ela joga uma lavagem sobre o corpo do menino que imediatamente se transforma num homem. Mas a cabeça, que não recebeu o líquido mágico, continua pequena. Corpo de homem, cabeça de criança.

Mais tarde, ele se engana e mata a própria mãe. Os três irmãos a enterram e choram muito sobre a sepultura.


Pág. 27 - "Uma feita os quatro iam seguindo por um caminho no mato e estavam penando muito de sede, longe dos igapós e das lagoas. (...) De repente Macunaíma parou riscando a noite do silêncio com um gesto imenso de alerta. Os outros estacaram. Não se escutava nada porém Macunaíma sussurrou:

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

OS RELATOS QUE FALTAVAM


Em postagem recente, este site publicou textos de alunos do Liceu Albert Sabin, de Ribeirão Preto sobre o livro Antes da meia-noite. O trabalho foi proposto pela professora Ana Carolina aos alunos do 8º ano. Naquele momento estavam faltando dois relatos que haviam  se perdido no envio. Ei-los:

Relato “Antes da meia noite”
 
A obra mostra o vício dos adolescentes pela internet, uma realidade muito presente na atualidade e que pode prejudicar muitas pessoas. A internet foi criada para nos ajudar a ampliar nossos conhecimentos, mas o excesso de tempo que alguns jovens ficam no computador atrapalha a organização da vida deles.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

AQUARELAS

 Iluminuras 17

Por cima de escuros seixos, o córrego escorre e escorre, com movimentos nervosos. Carrega em seu dorso folhas e pétalas em viagem sem volta. São efêmeros seus reflexos de prata e sem dor seu percurso. O que descem sussurrando suas águas no rumo do mar ninguém sabe.

LIVROS RECEBIDOS NA SEMANA (5)

Título: O chá da meia-noite
Autora: Ecilla Bezerra
Editora: All Print Editora
Gênero: Contos

4ª capa

"Um livro de contos é o momento em que o autor expõe o universo íntimo que habita sua mente, pequenos personagens em textos curtos, que têm a obrigação de dialogar e passar uma mensagem maior do que a aparente simples diversão."

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

CARTA CAPITAL| NOSSO NASO



Muito pouca gente dá o devido respeito que nos merece o apêndice nasal. Éramos já velhos conhecidos quando descobri que para alguns escritores ele serviu de protagonista.
 Na peça “Cyrano de Bergerac”, a mais famosa de Edmond Rostand, o infeliz Cyrano, debochado por Valvert por causa de seu nariz, em um longo discurso demonstra ao tolo opositor o que poderia ser dito sobre sua protuberância frontal, caso ele tivesse algum talento poético. “É rochedo! É cabo! Inda é maior: É promontório! É mais: é o Novo Continente!”

Outro narigudo famoso, na literatura, descrevendo o próprio nariz assim diz: “Nariz, nariz, e nariz,/ Nariz, que nunca se acaba;/ Nariz, que se ele desaba,/ Fará o mundo infeliz.// Nariz, que Newton não quis/ Descrever-lhe a diagonal,/ Que, se o cálculo não erra,/ Posto entre o Sol e a Terra,/ Faria eclipse total!”.

Com crianças e adolescentes em Itanhaém

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BATE-PAPO – No encontro, o autor falou sobre sua carreira, atividades literárias e publicações que lhe renderam importantes premiações
“Volto para casa encantado com Itanhaém e sua calorosa recepção”, elogia Menalton

Por Secretaria de Governo / Departamento de Comunicação Social

A Biblioteca Municipal Poeta Paulo Bomfim recebeu nesta sexta-feira (19) o escritor Menalton Braff, em mais uma edição do Programa ‘Viagem Literária’, no módulo ‘Bate-papo’. Durante a tarde, o autor de ‘Janela Aberta’ e ‘No Fundo do Quintal’ falou com o público sobre o início da sua carreira, atividades literárias e publicações que lhe renderam importantes premiações.

O interesse pelos livros surgiu ainda muito cedo, quando o escritor era apenas um menino de 6 anos. Rabiscando cadernos, deu início aos primeiros textos. No encontro, ele também citou grandes nomes da literatura brasileira que marcaram sua trajetória na literatura, como José de Alencar, Érico Veríssimo, Machado de Assis, entre outros.

“José de Alencar é um dos melhores romancistas. Quem lê as obras encontra a beleza nas linguagens”. Antes de escrever os livros, Menalton teve contos publicados em jornais e revistas. “Após a premiação no Prêmio Jabuti de Literatura, minhas obras começaram a ficar conhecidas”.

No Programa Viagem Literária desde 2008, Braff teve a oportunidade de conhecer diferentes bibliotecas, mas em Itanhaém o escritor só faz elogios ao espaço. “Eu nunca tinha vindo ao litoral para falar de leitura. Volto para casa encantado com a Cidade e sua calorosa recepção. É muito difícil fazer crianças ficarem em silêncio como elas ficaram em Itanhaém. Os alunos me fizeram perguntas e eu respondi. Acho que eles foram muito bem trabalhados na escola”.

COM A MOÇADA EM ELDORADO

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Viagem Literária em Eldorado, na segunda etapa,bate-papo com Menalton Braff

MENALTON BRAFF monopolizou a moçada em Eldorado no Viagem Literária.
Com o auditório da Aldeia Cultural lotado de estudantes da 8a.série da Escola Ma.Aparecida Viana Muniz,durante quase duas horas,o escritor Menalton Braff respondeu perguntas e esclareceu sobre algumas de suas obras e sua vida.
Menalton contou pro pessoal que já foi professor e hoje,aposentado, se dedica exclusivamente à literatura,escrevendo ao menos uma obra por ano,participando de encontros culturais como este e ministrando palestras sobre literatura.
Falou tambem dos tempos da ditadura militar quando,perseguido políticamente, foi obrigado a mudar de nome e publicar suas obras sob o pseudônimo de Salvador dos Passos,è dessa época o livro Janela Aberta,romance de 1984.Tambem tem em sua bagagem o Premio Jabuti de 2000 como Livro do Ano em ficção.
Os estudantes se interessaram por suas obras mais recentes e Menalton aproveitou para discorrer sobre a arte da escrita e responder às perguntas e curiosidades deles sobre o mercado editorial brasileiro.
Fonte: Prefeitura Municipal de Eldorado

LIVROS RECEBIDOS NA SEMANA (4)

Título: Partimos de manhã
Autor: Nei Duclós

Editora: Instituto Estadual do Livro (RS)

Gênero: Poesia





LETRA

Talvez
escrevendo
alguma coisa
aconteça

LIVROS RECEBIDOS NA SEMANA (3)

Título: Recontando
Autora: Josefina de Campos Fraga
Editora: EDUSC
Gênero: Coletânea de contos e crônicas
 
Da orelha:
"Ler as letras da Acadêmica Josefina de Campos Fraga é navegar dimensões sequer imaginadas. seus textos conduzem por caminhas, às vezes sinuosos, que o leitor anseia mondar o mais rápido possível para desfrutá-los. Escritora imprevisível, o que torna seus contos insinuantes e atraentes, agitando emoções."

LIVROS RECEBIDOS NA SEMANA (2)

Título: O conto brasileiro hoje (vol. VI)

Autores: Diversos

Editora: RG Editores
Gênero: Coletânea de contos

O livro foi um presente do Dr. Sérgio de Freitas, médico em Ilha Grande, que nele comparece com o conto O sonho jamais escrito.



QUESTÕES DE ESTÉTICA DA LITERATURA (33)

Continuamos com o livro Teoria da Literatura, de Vítor Manuel de Aguiar e Silva. Nesta retomada, lembremos que, depois de contestar as teses de Roman Jakobson, o autor inicia o desenvolvimento de sua própria teoria sobre o assunto.


Pág. 77 - "O código, exactamente porque (pág. 78) introduz num sistema constrições, regras, critérios de ordem, substituindo por determinada gama de probalidades e por determinadas soluções imperativas a equiprobabilidade para que tenderiam os elementos constitutivos do mesmo sistema, configura-se como uma rede de opções, de alternativas, de possibilidades, na qual as permissões, as injunções e a eventualidade de práticas transgressivas se co-articulam de modo vário e em função de múltiplos factores endógenos ou exógenos ao sistema.

domingo, 21 de outubro de 2012

LIVROS RECEBIDOS NA SEMANA (1)



Título: A guardiã dos segredos de família
Autora: stella Maris Rezende
Editora: Edições SM
Gênero: Literatura Juvenil

A autora, que venceu o Jabuti 2012 com outro título, conquistou também o 2º lugar com A Guardiã.

VIAGEM LITERÁRIA

O palestrante ao lado da Lea, a bibliotecária, com os demais integrantes do quadro de funcionários da Biblioteca Pública Municipal Poeta Paulo Bomfim, momentos antes do início do evento, que contou com um público de aproximadamente cento e cinquenta pessoas.

Itanhaém foi o último município visitado por mim nesta edição do Viagem Literária. Foi um encontro excelente, com um pessoal muito a fim da literatura. 

ALUNOS COMENTAM ANTES DA MEIA-NOITE



A professora Ana Carolina, do Liceu Albert Sabin, de Ribeirão Preto, trabalhou meu livro Antes da meia-noite com os alunos do 8º ano e solicitou-lhes que, em grupos, produzissem um relato daquilo que leram. O resultado segue abaixo. Infelizmente extraviou-se no emeil recebido o relato do grupo da Paula, Rafaela e Fernanda, assim como do grupo da Caroline, Bárbara, Marina V. e Laura F.

RELATOS:
                                         Relato Antes da Meia – Noite

É muito comum hoje em dia acontecerem casos iguais ao de Aline, porque o número de redes sociais está aumentando e os usuários também e com isso as nossas informações pessoais estão expostas ao mundo exterior.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

MAIS UM CONTO INÉDITO

Na janela do velho sobrado
Para Ana Luiza Camarani

Acordou com a explosão na boca e tentou ficar na cama por causa do frio. As vistas viam as estrelas do esforço e mais nada antes de se acostumarem à escuridão do quarto, onde penetrava apenas uma claridade baça através das fasquias da veneziana. Tentou conter a tosse no fundo da garganta, engolida, até quase o sufocamento. Era uma espécie de mão descarnada e com dedos de aço que se apertava em torno de sua cabeça.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

AQUARELAS

Iluminuras 12

Debaixo da marquise, um corpo se encolhe por dentro dos andrajos. O vento, que por ali passa, pisa com pés silenciosos para não despertar aquele sono antigo, cujos sonhos foram-se esgarçando até confundirem-se com as sombras da marquise.


quarta-feira, 17 de outubro de 2012

SITE DA PREFEITURA DE CUBATÃO REGISTRA PALESTRA DE MENALTON

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A literatura brasileira vai bem, o leitor é que vai mal, diz Menalton Braff durante o Viagem Literária

Escritor Menalton Braff falou sobre a arte da escrita e mercado editorial
 "A necessidade de dizer é o que motiva o escritor" (sobre a vocação literária).

 "O escritor tem a obrigação de viver; senão ele se estiola" (sobre a responsabilidade social do escritor).
"A literatura brasileira vai bem. O leitor é que vai mal" (sobre o mercado editorial brasileiro).

"Uma biblioteca é um templo. Um tabernáculo" (sobre o local em que fazia a palestra).
As opiniões são do escritor gaúcho Menalton Braff, durante sua participação no projeto Viagem Literária na manhã desta terça-feira, dia 16, na Biblioteca Municipal. Durante cerca de duas horas, Menalton, vencedor em 2000 da maior láurea literaria brasileira, o Prêmio Jabuti, com o livro de contos "À sombra do cipreste", falou de sua vida, sua obra, sobre o fazer literário e, de maneira simpática, às vezes didática e quase sempre bem humorada, respondeu a perguntas do público.

MINICONTO

Tesouro no jardim

 
 Todos os dias Nicanor levanta da cama, mas sua cabeça continua grudada no travesseiro, e a primeira coisa que faz é desenterrar seu tesouro guardado no jardim. À noite, sua última providência, antes de deitar-se para dormir, é levar o baú até o gramado e ali enterrá-lo novamente. Ele é feliz porque sabe que sua vida tem sentido.  

terça-feira, 16 de outubro de 2012

AO PÉ DA LETRA | CARTA CAPITAL

Me desculpe o eventual leitor pela catacrese aí do título,  modo errado de muita gente ler textos literários, coisa que não pode dar certo. Foi isso que expliquei a meu amigo Adamastor. Ah, sim, porque o Adamastor anda lendo e isso me enche de preocupação, pois me dá muito trabalho.

Ainda na semana passada ele me chega (ação presentificada) aqui em casa, com o desagrado vincando sua testa. Como, interpela-me ele, como podem admirar um cínico como este Machado, capaz de defender uma tese assim tão… tão… e procurava uma palavra que não me desagradasse, pois tratava-se do Bruxo do Cosme Velho. Mas que tese, homem de Deus? “Ao vencedor, as batatas”, ele me joga a frase no rosto e no peito de tal forma que aquilo fica escorrendo corpo a baixo por bem um meio minuto.

Servi um cafezinho ao Adamastor e esperei que ele sentasse, antes de começar a explicação. O cientificismo tentava reduzir o ser humano a uma fórmula físico-químico-biológica, pouco mais que isso. Grassava, naquele então, uma espécie de darwinismo filosófico que justificava entre seres humanos processos da seleção natural. Mas, apesar do romantismo kantiano, o homem é um ser moral, e Shopenhauer nenhum da vida vai me convencer do contrário. Esta frase (e eu me limpava da meleca ainda a escorrer na minha roupa) é uma ironia machadiana.

QUESTÕES DE ESTÉTICA DA LITERATURA (32)

As transcrições são do livro:
SILVA, Vítor Manuel de Aguiar e. Teoria da Literatura. 6ª ed. Coimbra: Livraria Almedina.

Depois de um capítulo negativo, as refutações às teorias em voga, o autor volta-se para as afirmações sobre o texto literário.

Pág. 75 - "2.5 Os conceitos de sistema semiótico literário e de código literário.

A obra literária , como o próprio lexema 'obra' denota, constitui o resultado de um fazer, de um produzir que, sendo embora também um processo de expressão, é necessária e primordialmente um processo de significação e de comunicação. A obra literária resultante deste processo constitui um texto - e, por agora, definiremos texto, em sentido lato, como uma sequência de elementos materiais e discretos seleccionados dentre as possibilidades oferecidas por um determinado sistema semiótico e ordenados em função de um determinado conjunto de regras, que designaremos por código.  O texto literário, como qualquer outro acto significativo e comunicativo, só é produzido e só funciona como mensagem , num específico circuito de comunicação, em virtude da prévia existência de um código de que têm comum conhecimento - não confundir com conhecimento idêntico - um emissor e um número indeterminado de receptores. "

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

MACUNAÍMA (6)

Macunaíma continua perambulando pelo mato. Ele acabou de pedir aipim para uma cotia e ela pergunta o que ele anda fazendo.

Pág. 22 - "- Passeando.
- Ah o quê!
- Passeando, então!
Contou como enganara o Currupira e deu uma grande gargalhada. A cotia olhou pra ele e resmungou:
- Culumi faz isso não, meu neto, culumi faz isso não... Vou te igualar o corpo com o bestunto.
Então pegou na gamela cheia de caldo envenenado de aipím e jogou a lavagem no piá. Macunaíma fastou sarapantado mas só conseguiu livrar a cabeça, todo o resto do corpo se molhou. O herói deu um espirro e botou corpo. Foi desempenando crescendo fortificando e ficou do tamanho dum homem taludo. Porém a cabeça não molhada ficou pra sempre rombuda e com carinha enjoativa de piá.

domingo, 14 de outubro de 2012

PREFEITURA DE CUBATÃO NOTICIA A VIAGEM LITERÁRIA


A Viagem Literária começa na terça, em Cubatão, e continua com a seguinte programação:

CUBATÃO
Dia: 16/10  (terça)
Hora: 10h.

ELDORADO
Dia: 17/10  (quarta)
Hora: 14h

CANANÉIA
Dia: 18/10  (quinta)
Hora: 10h.

ILHA COMPRIDA
Dia: 18/10  (quinta)
Hora: 15h.

ITANHAÉM
Dia: 19/10  (sexta)
Hora: 15h.

LIVROS RECEBIDOS NA SEMANA

Livro: MOENDA DE SILÊNCIOS

Autores: Ronaldo Cagiano e Whisner Fraga

Editora: Dobra Editorial
Novela Juvenil

Trecho da orelha de Rubens Shirassu Jr. (Poeta, ficcionista e crítico literário)
Moenda de silêncios, de Ronaldo Cagiano e Whisner Fraga, expõe os sonhos entrecortados pelas tentativas dos rapazes em vencer a batalha numa cidade toda feita contra eles. De um lado, a terra serena da promissão, terra do perdão, do outro, o sufoco, o vale-tudo, a agressão da "cidade inconquistável" - os dois brasis.






sábado, 13 de outubro de 2012

UMA CRONIQUETA


A eternidade vai acabar

Houve um tempo que tudo me parecia eterno. Era um mundo parado, sem movimento, em que o verbo esgotar não entrava. Meu pai era um homem imenso, seus poderes não tinham limite. Era um tempo e um mundo muito confortáveis.

Depois vieram tempos mais modernos, em que a desconfiança passou a gerir os negócios dos homens. A desconfiança e a convicção de que um dia não haverá mais florestas, então os rios poderão estar secos; não haverá mais água potável, porque os aqüíferos já foram poluídos ou também secaram. Tempos secos, serão aqueles. Alguém viu onde foi parar a gasolina? Só os mais velhos, conservados ainda como arquivos da memória humana, só eles ainda saberão o que era a gasolina.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O CASARÃO NA REVISTA REVIDE

O CASARÃO DA RUA DO ROSÁRIO foi destacado na  seção  
MINHA OBRA, da página da Livraria ParaLer na Revista Revide, com o seguinte texto:

O CASARÃO DA RUA DO ROSÁRIO

“O Brasil dos fins da II Guerra Mundial até o iício do século XXI é pano de fundo para conflitos familiares em que conservadores e liberais se trucidam. O livro resgata fatos históricos da nação, como a Revolução de 64, que interferiram na vida de uma família extremamente tradicionalista”.

Menalton Braff, autor.



quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Tudo Aqui regista o lançamento do Casarão em Ribeirão Preto


MACUNAÍMA (5)

A leitura que estamos fazendo de Macunaíma é do texto da obra abaixo:
ANDRADE, Mário de. Macunaíma. s/ed., São Paulo, Círculo do Livro, s/ data.
 
Na última postagem, a mãe de Macunaíma, para castigá-lo carrega o herói para o meio do mato e lá o deixa para que se perca.
 
Pág. 20 - "E desapareceu. Macunaíma asuntou o deserto e sentiu que ia chorar. Mas não tinha ninguém por ali, não chorou não. Criou coragem e botou o pé na estrada, tremelicando com as perninhas de arco. Vagamundou de déu em déu semana, até que topou com o Currupira moqueando carne, acompanhado do cachorro dele Papamel. E o Currupira vive no grelo do tucunzeiro e pede fumo pra gente. Macunaíma falou:
- Meu avô, dá caça pra mim comer?

terça-feira, 9 de outubro de 2012

CARTA CAPITAL|DA NEUTRALIDADE

Acesse a publicação original

Tenho de começar declarando que isto aqui é uma crônica, não um ensaio. Não estou, portanto, obrigado a citar minhas fontes ou fornecer uma bibliografia como certos textos de que, por sua natureza, exigem-se.

E, como cronista, afirmo que toda neutralidade é uma ingenuidade. Se alguém assiste a um marmanjão massacrando uma criancinha e se diz neutro, é difícil entender que ele está beneficiando o marmanjão? Usando a terminologia hegeliana, se não interfiro em um processo qualquer e me mantenho neutro (posição admitida como hipótese), estou reforçando a tese em luta contra a antítese. E não existe movimento que não seja em luta.
De umas leituras antigas me lembro de uma afirmação que me norteou a vida toda. A falácia da neutralidade esconde, sempre, um apoio implícito ao statu quo, isto é, a concordância, ou pelo menos a aceitação, da situação vigente.

O CASARÃO NO PROSA E VERSO DO JORNAL O GLOBO

O Casarão da Rua do Rosário ganhou resenha no caderno PROSA & VERSO do jornal o Globo, assinada pelo jornalista e escritor Elias Fajardo. O texto foi publicado nas versões impressa e digital.

Versão impressa:


Versão digital:



QUESTÕES DE ESTÉTICA DA LITERATURA (31)

Continuamos com a leitura do capítulo 2  O sistema semiótico literário da obra abaixo:

SILVA, Vítor Manuel de Aguiar e. Teoria da Literatura. 6ª ed., Coimbra: Livraria Almedina, 1984.

A terceira contestação:

Pág. 70 - "c) Em príncípio, a teoria jakobsoniana da função poética devia possuir capacidade explicativa em relação a qualquer texto literário, pois que a pergunta à qual Jakobson se propõe respondeer é a segunte: 'O que faz de uma mensagem verbal uma obra de arte?' Por outro lado, o próprio Jakobson repudia qualquer tentativa de 'reduzir a esfera da função poética à poesia'. A verdade, porém, é que todos os argumentos e todos os exemplos aduzidos por Jakobson se reportam à poesia stricto sensu, isto é, à literatura escrita em verso, tornando-se evidente que a sua teoria da função poética carece de capacidade explicativa em relação a um domínio muito importante da 'arte verbal': o domínio da prosa literária, desde os textos literários narrativos até aos poemas em prosa. Mas, mesmo no âmbito da poesia stricto sensu, Jakobson preferencia claramente determinados valores e modelos em detrimento de outros: na esteira da Philosophy of composition de E. A. Poe, faz incidir a sua observação e a sua análise sobre poemas pouco extensos; privilegia, em consonância com uma grande linha de teoria e prática poéticas que passa por alguns autores românticos alemães e ingleses, por Poe, Baudelaire, Mallarmé, Valéry, Hopkins, etc., uma poesia em que avultam os fenómenos gramaticais, fónico-prosódicos e métricos - simetrias, recorrências, paralelismos, paronomásias, etc. - que melhor ilustram a sua teoria da função poética; escassa ou nula atenção presta à poesia escrita em verso livre e a toda a poesia contemporânea que refoge à mencionada tradição formalista (pág. 71) e se revela refractária, segundo as palavras de Michael Shapiro, ao programa jakobsoniano de 'geometrização da poética'.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

AQUARELAS


Iluminuras 11


No galho mais alto da mangueira, lá onde o vento é frio, o sabiá canta chamando sua companheira, para e escuta, canta novamente, sem saber o que pode ter acontecido a ela.

domingo, 7 de outubro de 2012

QUESTÕES DE ESTÉTICA DA LITERATURA (30)

Para os que estão chegando agora, informamos que nestas últimas postagens das "Questões" estamos transcrevendo trechos do livro ao lado:

SILVA, Vítor Manuel de Aguiar e. Teoria da literatura. 6ª ed., Coimbra: Livraria Almedina, 1984.

Informamos ainda que, na busca pelo esclarecimento do que seja a linguagem literária, é relevante incluir vários fragmentos, pois não se pode contar com uma simples definição para assunto tão complexo.
O autor, até o ponto onde estamos,  fez uma análise sucinta da teoria jakobsoniana das funções de linguagem, onde o moscovita estabelece a função poética. Então inicia uma série de três contestações dessa teoria, estando a primeira postada no número 29 desta série.
Continuemos, então, com a segunda contestação:

GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ , O MAGO | REVISTA CULT


Este texto é de 2010, mas uns dois dias atrás foi destacado no Twitter por Priscilla Merizzio, estudante de Curitiba. Priscila faz mestrado e o tema de sua dissertação será Realismo Mágico (ou Absurdo) de JJ Veiga na Ditadura.

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Às vezes realista, em seguida fantástico, outras vezes absurdo, temperando com os três ingredientes suas narrativas, o fato é que, depois de Cem anos de solidão, García Márquez tornou-se um dos escritores mais lidos no Brasil
Estabelecer alguns pontos de contato entre Gabriel García Márquez e a literatura brasileira exige alguma cautela, pois não se trata de um escritor facilmente classificável em virtude da diversidade de sua obra, o que exige, prontamente, o estabelecimento de alguns conceitos como fundamentais.
Nas décadas de cinqüenta e sessenta, o boom da literatura latino-americana não teria ocorrido ou, pelo menos, teria sido bem menor sem a participação de Gabriel García Márquez. A Europa geralmente manteve uma atitude de curiosidade em relação ao que vem de fora, ao que vem do que os europeus chamam de países exóticos, dentre os quais nós, sul-americanos, estaríamos incluídos. Somos o recreio divertido deles quando se cansam de tanta civilização. Mas deixando de lado as razões porque, vez por outra, lançam-nos olhares curiosos, atenhamo-nos ao fato de que naquelas décadas a Europa traduziu, leu, chegou a sentir certo fascínio pela literatura do lado de cá do oceano, sobretudo dos países de fala espanhola.

sábado, 6 de outubro de 2012

E LA NAVE VÁ


SOBRE DOUTORES E NOVELÕES

 

Deve ser muito frustrante alguém passar anos e mais anos estudando a história e a teoria de determinada matéria, penetrando todas as fissuras de sua estética e, no final, produzir um texto que seja o resultado de tanto esforço para vê-lo perdido entre papéis velhos, recusado por editoras de algum relevo.

Dá pena, e me parece tratar-se de uma injustiça do mundo editorial.

O resultado dessa situação, geralmente, é uma visão amarga de tudo ou quase do que se publica. A inveja nunca fez bem a ninguém.

O CASARÃO NO JORNAL O LIBERAL


OUTRO CONTO INÉDITO


O enterro de Osmar Belmonte

Com passo escuro e lento, pesado como a tristeza, por estar debaixo de um sol de verão para cumprir o ritual da despedida, o cortejo movimenta-se já perto do cemitério. Sua a idéia de um cortejo a pé: três quarteirões apenas, pois desde sempre moraram naquela casa à beira do cemitério. O que não contava era com o sol do meio da rua e perto do meio-dia, porque nas calçadas, de ambos os lados, havia árvores que protegiam os transeuntes da aspereza do sol. Mas eles não eram transeuntes e cortejo não se faz na calçada.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

JÁ FOI LANÇADO EM CAMPO GRANDE O LIVRO ALBUNS DA LUSITÂNIA, DE RAQUEL NAVEIRA

Álbuns da Lusitânia Editora Alvorada
"Um relato sobre imigrações das colônias portuguesas
em Mato Grosso do Sul"                                                                  

Prefàcio: Menalton Braff

Às margens do Mondego
 


Pois foi de lá, dos “saudosos campos do Mondego”, que um ancestral da família Figueira resolveu atender mais uma vez à vocação lusitana e atirou-se para o outro lado do oceano, tendo deixado a esposa grávida, para cumprir a sina de conquistar as terras.
E assim começa Raquel Naveira seu relato:
“Antigos álbuns de fotografia dormem sobre as prateleiras. Sou a curadora desses álbuns, a guardiã da família, a única para quem essas imagens significam um tesouro de recordações, vestígios do passado, respingos de sangue na árvore genealógica, respostas para enigmas, sinais na pele, lágrimas de saudade.”